Via : Revista PEGN

Publicado: quarta-feira, 24 outubro, 2018 às 20:09
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A inteligência artificial tem um objetivo simples de descrever e difícil de alcançar: ela busca criar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões e solucionar problemas

O sonho de criar máquinas capazes de aprender sozinhas é tão antigo quanta a própria humanidade. Com o avanço da ciência da computação, a partir da década de 1940, esta possibilidade foi evoluindo e se tornou realidade: hoje, a inteligência artificial (IA) já faz parte do dia-a-dia das pessoas.

Esses sistemas inteligentes são capazes de aprender de acordo com novas demandas. Cada vez que você ouve falar em carros autônomos ou utiliza um aplicativo que indica a melhor rota dependendo do tráfego está lidando com utilizações práticas da inteligência artificial.

Aplicativos de IA também são encontrados em museus, onde tiram as dúvidas dos visitantes – é assim no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, onde os visitantes interagem com a IRIS+. E cada vez que você acessa seu site de filmes e séries em streaming e ele recomenda um lançamento, está lidando com uma máquina inteligente, que avaliou seus gostos para apresentar sugestões.

A inteligência artificial tem um objetivo simples de descrever e difícil de alcançar: ela busca criar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões e solucionar problemas. Na medida em que máquinas adquirem essa expertise, elas passam a aprender sozinhas e se desenvolvem seguindo um ritmo próprio, que pode ser até mais acelerado do que o dos humanos.

Esse futuro já chegou, melhora a prestação de serviços e permite que as pessoas tenham tempo para desenvolver tarefas mais sofisticadas e criativas. Assim, os dois mundos, o humano e o dos computadores, se completam numa simbiose virtuosa.

BIA

Com o smartphone em mãos, você conversa com seu banco – na verdade, com uma atendente virtual muito especial, a BIA. Ela fornece instruções sobre diferentes produtos, auxilia a realizar transações e até mesmo informa sobre mais de 30 índices financeiros, como o dólar e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM). BIA, na verdade, é a sigla de Bradesco Inteligência Artificial. Ela não apenas reconhece voz, mas interage com naturalidade e com um alto grau de conhecimento de todos os assuntos e procedimentos bancários.

O sistema foi totalmente desenvolvido no Brasil. “Chegou a hora de os países emergentes liderarem esta revolução tecnológica. Nós, brasileiros, temos jogo de cintura, criatividade e tecnologia”, afirma Marcelo Câmara, chefe de Inteligência Artificial e Algoritmos no Departamento de Inovação do Bradesco.

Lançada para o público externo do Bradesco há pouco mais de um ano, a BIA já vinha sendo utilizada internamente, pelos gerentes de agências que precisavam acessar o call center interno para buscar informações – um processo que muitas vezes era realizado diante do cliente e demorava vários minutos. A assistente virtual agilizou esse atendimento. E agora os clientes podem acessá-la, por mensagens de áudio e texto, via Facebook Messenger e WhatsApp.

A BIA tem em seu DNA a solução de inteligência artificial da IBM, a tecnologia de computação cognitiva Watson. A adaptação foi resultado de dois anos de trabalho. Primeiro o assistente inteligente precisou aprender a falar e entender português, com todas as dezenas de variações de sotaques do Brasil. “A segunda língua que o Watson aprendeu foi o português.

E agora outras empresas estão usando o Watson em português por nossa causa”, conta Marcelo Câmara. Depois, ela passou a adquirir a capacidade de lidar com solicitações cada vez mais complexas. E isso é só o começo: a BIA continua aprendendo, a cada vez que um cliente conversa com ela.

Uma das vantagens da inteligência artificial é que seus sistemas não precisam passar por atualizações constantes, como um programa de computador comum. “As pessoas que fazem a curadoria da BIA são as mesmas que antes atendiam as agências”, diz Marcelo Câmara. “Eu costumo dizer que a inteligência artificial é resultado da sabedoria humana, e esse processo envolve muitas pessoas qualificadas”.

A curadoria consiste em um processo de aprendizado: os funcionários fazem centenas de perguntas, sobre assuntos diferentes, e ensinam as respostas. Foi pela repetição que a BIA aprendeu, num ambiente controlado e aberto a correções, antes de ser colocada para atender clientes reais.

O resultado é uma atendente tão personalizada que recebeu um nome que é ao mesmo tempo uma sigla e um apelido – outras empresas que utilizam assistentes virtuais também dão a elas nomes de pessoas (geralmente femininos), tamanha é a capacidade de humanização desse serviço.

Espaço de coinovação

A Bradesco Inteligência Artificial já faz parte de uma série de iniciativas de tecnologia da organização. Os clientes da Bradesco Seguros, por exemplo, podem pedir ajuda para a BIA, por meio do Google Assistente, em caso de o carro apresentar problemas. Basta acessar o atendimento inteligente, dizendo “falar com BIA do Bradesco”.

Muitas dessas aplicações são pesquisadas e desenvolvidas no Brasil. Em todo o país, um dos locais mais produtivos para startups que atuam nessa linha de pesquisa e desenvolvimento é o inovaBra habitat, um espaço colaborativo que incentiva a geração de negócios em um ambiente dedicado à inovação. Um dos eixos tecnológicos do habitat é precisamente a inteligência artificial. Muitas das startups que atuam ali desenvolvem projetos envolvendo máquinas inteligentes.

Entre os habitantes do inovaBra habitat que usam inteligência artificial em suas plataformas está a Nuveo. “Imagine alguém que lê documentos ou vê uma imagem, por exemplo, de um contrato judicial, e precisa tomar uma decisão com base nesse dado”, explica José Flávio Pereira, CEO e fundador da empresa, que existe há dois anos e meio e já conta com 35 colaboradores. “Nós automatizamos esse processo. Temos três tecnologias que, combinadas, simulam um ser humano analisando e tomando decisões por imagem, áudio e vídeo”.

Já a Dataholics criou um mecanismo de coleta de dados sobre pessoas físicas. Processados por inteligência artificial, eles geram scores de crédito (pontuação do cidadão com o mercado) para analisar o perfil, com um altíssimo grau de confiabilidade. “Criamos modelos distintos de inteligência artificial para saber que produtos ou serviços oferecer para cada cliente de forma bem assertiva, assim como um modelo de crédito que permite saber quais clientes têm a tendência de se tornar inadimplente”, diz o CEO Daniel Mendes, que fundou a companhia em 2016.

Também sediada no inovaBra habitat, a DataH trabalha com dados de pessoas jurídicas. Forma cadastros e analisa dados especialmente úteis, por exemplo, para seguradoras. “Desenvolvemos um produto capaz de prever recursos para sinistros e processos relacionados a pedidos de sinistros”, diz Evandro Barros, CEO e fundador. O sistema é útil para muitos outros setores. “Dentro da área da saúde, desenvolvemos uma inteligência artificial para o Hospital de Câncer de Barretos, para auxiliar a triagem de câncer de mama, aumentando a eficiência do médico, para que ele não deixe os casos identificados pela máquina como graves em último lugar”.

Por sua vez, a Beluga atua na democratização do acesso a decisões tomadas com base em dados. O foco está nas grandes empresas que ainda não aderiram à era digital. O objetivo é saltar do mundo das planilhas e tabelas para um cenário em que máquinas avaliam o panorama e tomam decisões finais. “Ela não apenas faz a previsão do que acha, mas decide se vai comprar dez quilos de insumo, por exemplo”, explica o CEO Pedro Jahara. Esse é o caminho do futuro.

A inteligência artificial chegou ao dia a dia

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