Via : Revista PEGN
Você já ouviu falar do Netshow.me ou do ClapMe? São plataformas de transmissão de vídeos ao vivo. Enquanto a primeira é mais orientada à difusão de eventos diversos, como palestras, entrevistas e programas corporativos, o ClapMe é focado na música, com a transmissão de shows.
Mas, quando foram criadas, as empresas não seguiam essa cartilha. Tendo como base valores espontâneos — “gorjetas” doadas pelos espectadores às bandas (no caso da ClapMe) que se apresentavam nas plataformas — a receita era supostamente imprevisível.
É um modelo que pode dar certo para uma startup, mas é arriscado. Por um único motivo: como realizar um planejamento financeiro, dado que a receita não pode ser prevista?
A imprevisibilidade total não existe
Quando pensamos na venda de software customizado ou em prestação de serviços, por exemplo, todas as companhias dispõem de modelos de previsão financeira, baseados no funil de vendas. A partir daí, estimam-se as taxas de conversão, e o tempo médio de projeto/faturamento/recebimento.
Agora, no caso específico dos primórdios da ClapMe e da Netshow.me — ou de outras empresas que trabalham com esse modelo de remuneração “incerta” –, ele afirma ser possível, sim, obter uma taxa de conversão. Ou seja, a doação de um valor específico.
Ele segue com a reflexão: “Suponha que, no mês seguinte, a taxa de conversão tenha subido para 20% (duzentas pessoas doaram), e que cada uma doou um valor maior também, de R$ 500. É o momento de analisar: imagine que, das dez bandas que foram transmitidas, somente as de rock receberam doações. O que devemos entender disso? Que fazer uma segregação da análise por estilo musical melhora a a previsibilidade do modelo estatístico”.
Tudo é mensurável, tudo pode ser previsto
O especialista afirma que, se não houver previsibilidade, não se trata de um modelo de negócio. “Há alguma coisa errada. Tudo pode ser transformado em métrica. Se não for possível, não funciona como negócio”.
Certo. Mas como planejar na prática?
Uma planilha de planejamento financeiro é o caminho. Este modelo da ContaAzul pode ser muito útil para você usar como base.
Comece anotando todas as entradas que você previu de acordo com as instruções acima. Ou seja, planeje seu faturamento. Construa um plano de vendas refletindo quais suas fontes de receita, seu modelo de precificação, seus canais de distribuição, etc.
Depois, planeje tudo o que você vai gastar ao longo de um período. Além dos gastos recorrentes (salários, aluguel, fornecedores, energia), não se esqueça de incluir gastos que podem ser extraordinários (manutenção) ou que refletirão novos investimentos que você pretende fazer para chegar nos seus objetivos (aluguel de um novo espaço, aquisição de maquinário, juros de um empréstimo que você pretende tomar).
Em seguida, repasse os itens e avalie o que é necessário e o que pode ser adiado. Finalmente, construa os Demonstrativos Financeiros que lhe darão uma visão consolidada da sua situação financeira no ano, o Demonstrativo de Resultados e o Balanço Patrimonial.
Resumindo
A lição que fica é: se sua empresa não tem uma receita certa ou recorrente, não tema! É possível, sim, realizar um planejamento financeiro.
Pelo menos, até o momento em que você sentir segurança para mudar de modelo — talvez partindo para a receita recorrente, com vendas de assinaturas, como foi o caso da ClapMe e do Netshow.me.