Se existe uma característica que define o empreendedor ela é a coragem de correr riscos. Mas só isso não garante o sucesso do negócio. A coragem de correr riscos deve ser aliada de uma outra qualidade no empreendedor bem sucedido: a inteligência para assumir o controle e usar instrumentos que reduzam o risco e dê segurança para tomar decisões.
Se astrólogos preveem o futuro pelas estrelas e milhares de pessoas leem horóscopos para direcionar seu dia a dia, nos negócios as planilhas com dados financeiros mostram as opções que o empreendedor tem para traçar rumos seguros para a empresa.
O Teste do Supermercado
O consultor Celso de Souza dá como exemplo do que falamos acima a consultoria que ele deu por acaso, em um supermercado de Curitiba. Celso encontrou um casal de amigos donos de um pequeno comércio na região.
Por hábito e intuição, o consultou reparou no carrinho de compras do casal. E não pode deixar de notar que ali estavam misturados produtos para consumo na casa e materiais para serem utilizados no negócio.
Ele imaginou o pior mas preferiu aguardar…
Acompanhou o casal como quem só está desfrutando de um encontro casual. Esse clima durou até chegarem ao caixa… Quando viu os conhecidos pagando a conta com o mesmo cartão de crédito, assumiu o papel de consultor de empresas.
“Vocês estão alimentando um dos maiores inimigos do empreendedorismo à brasileira: a desorganização financeira, capaz de levar a pessoa física ao endividamento e a jurídica, a ter sérios problemas na empresa”.
O homem e a mulher ficaram espantados. Não com o atrevimento do consultor em fazer uma observação tão contundente, mas pela capacidade de captar o que eles estavam vivendo, como se tivesse lido as mãos dos empreendedores.
Eles admitiram que estavam enfrentando dificuldades na empresa e, portanto, na vida financeira doméstica. Mas como Celso poderia saber disso?
O carrinho de supermercado, com as compras misturadas e uma única nota fiscal dizia tudo.
O futuro não pertence somente a Deus
Celso explicou que a atitude deles no supermercado resumia o que muitos empreendedores ainda fazem e que acabam por complicar a sobrevivência da empresa: não estabelecer um pró-labore e se manter fiel a ele, sem avançar no caixa da empresa.
“Eu sei que eu posso tirar 5 mil, mas a empresa pode pagar o 5? Pode. Agora eu não posso tirar 10, tenho que ter consciência disso. Vocês como empresários, não devem avançar demais no caixa da empresa. Como o dono da empresa se sente todo-poderoso, para ele não há nada de errado em esvaziar o caixa. Esses “superpoderes” vêm da cultura do país, em que o empreendedor entra com a ideia do negócio, os recursos para colocá-la em prática, comanda diretamente o processo de produção ou prestação do serviço e, no final, está no caixa para receber”
Foi o início de um atendimento que terminou em planilhas, projeções financeiras seguras mas principalmente, na mudança de atitude dos empresários.
Via Papo de Especialistas Sebrae
Projeções financeiras: uma boa forma de garantir decisões estratégicas de curto prazo