Via : Endeavor

Publicado: quarta-feira, 15 fevereiro, 2017 às 12:19
Construa um plano de vendas refletindo quais suas fontes de receita, seu modelo de precificação, seus canais de distribuição

Você já ouviu falar do Netshow.me ou do ClapMe? São plataformas de transmissão de vídeos ao vivo. Enquanto a primeira é mais orientada à difusão de eventos diversos, como palestras, entrevistas e programas corporativos, o ClapMe é focado na música, com a transmissão de shows.

Hoje, ambas as empresas atuam dentro do modelo de receita recorrente: assim como gigantes como Netflix e Microsoft, a Netshow.me e a ClapMe vendem assinaturas de seus produtos. Esse modelo proporciona uma receita recorrente uma vez que, no lugar da tradicional “venda a venda”, o serviço é adquirido mediante uma assinatura — que gera um fluxo de entrada recorrente.

Mas, quando foram criadas, as empresas não seguiam essa cartilha. Tendo como base valores espontâneos — “gorjetas” doadas pelos espectadores às bandas (no caso da ClapMe) que se apresentavam nas plataformas — a receita era supostamente imprevisível.

É um modelo que pode dar certo para uma startup, mas é arriscado. Por um único motivo: como realizar um planejamento financeiro, dado que a receita não pode ser prevista?

  • A imprevisibilidade total não existe

Se o seu negócio se enquadra nessa situação — não possuir uma fonte recorrente de receita –, você precisa ouvir o que Ricardo Hudson, CFO da E-Bricks Digital, fundo de private equity que atua no desenvolvimento de negócios do setor digital, tem a dizer. Sobre a imprevisibilidade da receita, ele é categórico:

“TODA E QUALQUER COMPANHIA, INDEPENDENTEMENTE DO MODELO DE NEGÓCIO, TEM, SIM, CONDIÇÃO DE PREVER SUAS RECEITAS”.

Quando pensamos em prestação de serviços, por exemplo, todas as companhias dispõem de modelos de previsão financeira, baseados no funil de vendas. A partir daí, estimam-se as taxas de conversão, e o tempo médio de projeto/faturamento/recebimento.

Agora, no caso específico dos primórdios da ClapMe e da Netshow.me — ou de outras empresas que trabalham com esse modelo de remuneração “incerta” –, ele afirma ser possível, sim, obter uma taxa de conversão. Ou seja, a doação de um valor específico.

“SE CEM PESSOAS ASSISTIRAM A UM SHOW E DEZ DOARAM, TEM-SE UMA TAXA DE CONVERSÃO DE 10%. AÍ, EM CIMA DISSO, ESTIMA-SE O TÍQUETE MÉDIO [QUE É O VALOR MÉDIO DAS VENDAS DE UM DETERMINADO ESTABELECIMENTO], PERMITINDO A CONSOLIDAÇÃO DAS PREMISSAS, O QUE LEVA À COMPOSIÇÃO DE UMA SÉRIE HISTÓRICA. E O EMPREENDEDOR PODE UTILIZAR ESSA SÉRIE PARA MELHORAR A EFETIVIDADE DE ESFORÇOS DE MARKETING, POR EXEMPLO, PARA A CAPTAÇÃO DE CLIENTES”.

Ele segue com a reflexão: “Suponha que, no mês seguinte, a taxa de conversão tenha subido para 20% (duzentas pessoas doaram), e que cada uma doou um valor maior também, de R$ 500. É o momento de analisar: imagine que, das dez bandas que foram transmitidas, somente as de rock receberam doações. O que devemos entender disso? Que fazer uma segregação da análise por estilo musical melhora a a previsibilidade do modelo estatístico”.

  • Tudo é mensurável, tudo pode ser previsto

Ricardo Hudson não tem dúvidas de que tudo possa se transformar em métrica para pautar o planejamento financeiro. “A partir do momento em que você se dispõe a segregar uma atividade em níveis que te permitam ser mais efetivo, você consegue prever e se planejar”.

O especialista afirma que, se não houver previsibilidade, não se trata de um modelo de negócio. “Há alguma coisa errada. Tudo pode ser transformado em métrica. Se não for possível, não funciona como negócio”.

Certo. Mas como planejar na prática?

Uma planilha de planejamento financeiro é o caminho. Este modelo da Conta Azul pode ser muito útil para você usar como base.

Comece anotando todas as entradas que você previu de acordo com as instruções acima. Ou seja, planeje seu faturamento. Construa um plano de vendas refletindo quais suas fontes de receita, seu modelo de precificação, seus canais de distribuição, etc.

Depois, planeje tudo o que você vai gastar ao longo de um período. Além dos gastos recorrentes (salários, aluguel, fornecedores, energia), não se esqueça de incluir gastos que podem ser extraordinários (manutenção) ou que refletirão novos investimentos que você pretende fazer para chegar nos seus objetivos (aluguel de um novo espaço, aquisição de maquinário, juros de um empréstimo que você pretende tomar).

Em seguida, repasse os itens e avalie o que é necessário e o que pode ser adiado. Finalmente, construa os Demonstrativos Financeiros que lhe darão uma visão consolidada da sua situação financeira no ano, o Demonstrativo de Resultados e o Balanço Patrimonial.

 

Planejamento financeiro: dicas para você prever a receita que parece imprevisível

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