Via : Revista PEGN

Publicado: quarta-feira, 11 julho, 2018 às 13:40
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Tenha certeza de que está comunicando claramente e para a segmentação certa de pessoas que benefícios aquele lançamento está trazendo

Depois de meses ou até anos de trabalho duro no desenvolvimento de um produto, chegou o dia do lançamento. Estoure o champanhe e abrace os colegas de time, já pode todo mundo ir pra casa… certo?

E assim será a cada novo ciclo, nova funcionalidade, novo protótipo. O objetivo de uma equipe de produto nunca deve ser lançar algo, e sim fazer esse “algo” ser bem utilizado e agregar valor ao cliente.

É por isso que o lançamento representa uma nova fase de pedir e receber feedbacks, iterar e acompanhar resultados. Aqui vão 5 dicas para que esse processo ocorra da forma mais suave possível:

1. Vá por etapas

Conduzir um desenvolvimento ágil não significa entregar um feature meia-boca ou um produto inacabado. Significa lançá-los com a maior qualidade possível (e é bom que a barra seja alta!) e fazer iterações de acordo com o retorno dos usuários sobre esse lançamento.

Mas esses usuários também podem ser segmentados, para que a estreia seja gradual, testes sejam controlados, e os times não sejam inundados de informações e questionamentos de todos os clientes de uma só vez.

No Dropbox, por exemplo, eles seguem 4 passos toda vez que uma nova versão para desktop está pronta:

– Colaboradores da empresa têm acesso prévio à novidade
– Participantes selecionados de um fórum passam a utilizá-la
– Novos cadastrados recebem a versão atualizada ao criarem suas contas e baixarem a plataforma
– Atualizações automáticas ocorrem para o restante dos usuários, assim os engenheiros podem ter uma visão mais completa sobre a aceitação da versão no mercado
– Cada etapa tem seu tempo de latência, assim é possível monitorar performance, taxas de regressão e falhas. E antes de avançar para a próxima, o produto deve evoluir e demonstrar progresso nessas métricas.

Marcos Peres, gerente de produtos da Dell Brasil, conta que o lançamento de um novo equipamento geralmente significa a retirada de um outro do portfólio. Para que essa transição ocorra de forma gradual, eles passam pelos processos chamados de phase in e phase out. Na prática, os times regionais de produto são responsáveis por manter o item corrente com total disponibilidade de oferta até que o novo esteja totalmente inserido no mercado.

2. Garanta que todos podem encontrar e entender a novidade

Quando você desenvolve a primeira versão de um produto, você espera que ele seja completo. Por isso, não é tão comum planejar a expansão, ou deixar espaço para novas funcionalidades. Mas elas virão, e essa imprevisibilidade pode acabar dificultando a vida do cliente, que às vezes pode nem saber que determinada feature existe.

Se você recebe perguntas constantes sobre “onde está X” ou sugestões como “adoraria ver Y na plataforma”, quando Y já existe, há um problema de design ou mensagem e, logo, a experiência do seu usuário está comprometida. E más notícias: são grandes as chances de que features futuras continuem não sendo desvendadas, sejam subutilizadas, ou precisem de muito treinamento para aumentar sua adesão.

Além disso, funcionalidades só são relevantes quando elas resolvem um problema. Dito isso, cada cliente está em uma etapa da utilização do seu produto. Com isso, eles têm problemas diferentes a serem resolvidos e a mensagem que chega até eles deve estar de acordo.

Tenha certeza de que está comunicando claramente e para a segmentação certa de pessoas que benefícios aquele lançamento está trazendo. Dizer que um design é “mais responsivo” ou que bugs foram corrigidos não explica que impacto isso gera para o usuário. Sem detalhes do que é, ele tampouco pode tomar uma decisão para aceitar ou não aquela atualização.

Foque sua mensagem no que seus clientes poderão alcançar com as novas funcionalidades e aí sim você terá a atenção deles.

Marcos conta ainda que, na Dell, o time de produtos mantém reuniões recorrentes com as áreas de vendas, suprimentos, marketing e finanças, para comunicar e alinhar o portfólio de produtos atual e também apresentar os lançamentos que serão introduzidos no país.

3. Escute feedbacks sem filtros

Antes de um lançamento, mesmo que tudo tenha sido desenvolvido com base no que clientes disseram, você tem apenas hipóteses. A verdade sobre seu produto do ponto de vista de quem importa (o usuário) só ficará clara quando sua aplicação estiver no ar, após um montante significativo de feedbacks qualitativos e quantitativos.

Por mais difícil que seja, seu papel é manter uma escuta ativa, sem julgamentos ou reações. Às vezes, há pontos de melhora não apenas no produto, mas em todo seu entorno. Algumas formas de descobrir isso são:

– Feedback que chega por meio dos times de vendas e atendimento ou sucesso do cliente
– Perguntas e impressões coletadas em reuniões de demonstrações com clientes
– Botões e formulários de feedback dentro do produto
– Pesquisas como NPS, por e-mail e outros canais
– Testes com usuários
– Google Analytics
– Cliques e mapa de calor da plataforma com ferramentas como Inspectlet ou Crazyegg
– Monitoramento de menções e mensagens em redes sociais

Nesse momento, todas as opiniões são válidas, por isso dê a elas seu devido valor. Muito importante: aproveite para conversar também com quem não usa a funcionalidade em questão e entender o que os impede disso. Geralmente, você vai encontrar barreiras que são relativamente simples de superar, como “não sei como mexer nessa parte” ou “esqueço de entrar na plataforma”, por exemplo.

4. Faça a digestão do feedback

Ok, opiniões e dados coletados. Agora, como usar isso tudo?

Primeiro, é preciso organizar essas informações. A forma mais fácil é usar uma ferramenta que permita colocá-las em um só lugar, categorizá-las, criar um sistema de etiquetas e transformá-las em ações para que possam ser priorizadas e incluídas novamente no processo de desenvolvimento ou, em muitos casos, no processo de revisão de outras áreas.

Claro, afinal os ciclos de feedback também são importantes para entender como usuários veem questões como preço, posicionamento e atendimento, para compreender sua jornada de compra, comportamento e engajamento com o produto — Será que eles se cadastram mas não instalam? Quais os padrões dos que cancelam suas contas?

O time mundial de desenvolvimento de produtos da Dell, por exemplo, faz reuniões com seus principais clientes com o objetivo de apresentar novos conceitos e coletar feedbacks que possam melhorar o valor agregado daquele equipamento lançado. Além disso, após o produto ser lançado, os times regionais organizam reuniões com a área de vendas e clientes para avaliar se essas novas especificações atendem às necessidades do mercado local.

Dessa forma, os aprendizados pós-lançamento são compartilhados e é possível ambas as equipes estarem mais próximas do cliente para entender como o produto é recebido e consumido em cada estágio do funil de vendas.

5. Meça os resultados de negócios

Quando sua nova feature ou produto foi pensado, lá atrás, você tinha uma meta e uma série de resultados esperados definidos para ele?

O pós-lançamento é o momento de começar a monitorar essas métricas. Podem ser suas taxas de conversões, retorno sobre investimento, percentual de vendas… das correções mais simples até os incrementos mais complexos, tudo deve ter algum impacto no negócio.

André Petenussi, Diretor de TI do Grupo Netshoes, dá um exemplo: se eles criam uma nova funcionalidade na página de produto com estimativa de aumentar em 5% a taxa de conversão para o carrinho, calculam, ainda na fase de planejamento e preparação, quanto esses 5% representam em receita ao longo de um determinado tempo.

Quando essa página é lançada, por meio do teste A/B, o time cria uma camada de controle que compara as mudanças da página durante um determinado período. Um mês depois, já com dados significativos de tráfego, eles são capazes de comparar o retorno esperado com o que foi, de fato, realizado.

Assim, podem verificar se todas as etapas, incluindo seus critérios de priorização, estão sendo coerentes com seus objetivos. Dessa forma, o processo de priorização e expectativa de retorno das próximas iniciativas vai ganhando mais inteligência, a partir do histórico já comprovado.

Seu processo de desenvolvimento nunca será perfeito, portanto seu lançamento também não. Isso acontece para todas as empresas, e dá a elas duas opções: escutar o que usuários dizem e agir quanto a erros e oportunidades de evolução ou ignorar isso tudo e pular para a próxima feature.

Escolher a primeira pode até colocar outros lançamentos em espera, mas certamente vai agregar mais valor ao cliente. Afinal, do que serve uma plataforma com novas funcionalidades a cada mês se não há ninguém para utilizá-las?

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